As informações se espalham tão rápido que a essa altura qualquer habitante do ciberespaço já sabe o que é crowdfunding (se não sabe, vale dar uma olhada aqui). Mas, o interessante é observar como esse modelo de negócio, que nada mais é do que a tradicional “vaquinha”, está direcionando o Jornalismo online para um futuro cada vez mais colaborativo.
Para entender melhor, sete iniciativas exemplificam os efeitos dessa tendência de financiamento no trabalho da imprensa e na produção de conteúdo para a internet.
1. Spot.us – Pioneira no assunto, a plataforma estabelece uma relação ganha-ganha – tanto financeira quanto de conhecimento – entre jornalistas e “doadores”. Os leitores interessados em algum assunto específico sobre a sua comunidade financiam profissionais dispostos a produzir uma reportagem a respeito. E tem mais: depois que o conteúdo é produzido, o Spot.us se empenha em vender a matéria para alguma mídia local e o dinheiro recebido é enviado àqueles que a financiaram. Legal, não? Caso o conteúdo seja descartado, os valores são devolvidos aos respectivos doadores ou redirecionados a outros projetos de interesse dos mesmos. O New York Times, por exemplo, já veiculou uma matéria nascida no Spot.us.
2. J’aime l’info – Idealizada pelo grupo de jornalistas franceses do site Rue89, essa plataforma de crowdfunding conta com cerca de 100 jornais e blogs cadastrados. Os leitores podem financiar os projetos jornalísticos do site que lhes interessam e/ou fazer doações para as diversas iniciativas no canal (a colaboração pode ser de três euros ou em pacotes mensais).
3. Ajude Um Repórter – Apesar de não ser uma plataforma de crowdfunding, o projeto do relações-públicas Gustavo Carneiro foi concebido graças à “vaquinha” online. Mais de 180 pessoas contribuíram com a campanha realizada no Catarse, que precisava de 15.000 reais para tirar a ideia do papel e conseguiu arrecadar 695 reais a mais. A proposta do Ajude Um Repórter é conectar jornalistas e produtores de conteúdo a fontes e personagens para matérias e outros conteúdos em produção (quem é da imprensa sabe como isso ajuda). O serviço é gratuito e o levantamento é todo feito por crowdsourcing.
4. Global For Me – Integrante do grupo Global Radio News Ltd., o site aposta no financiamento colaborativo para a realização de coberturas jornalísticas mais aprofundadas, a gosto do freguês. Dessa forma, os leitores escolhem um assunto que os interesse e pagam para que o jornalista produza o conteúdo.
5. Porto24 – Apostando no Jornalismo hiperlocal, o veículo português se propõe a realizar coberturas específicas sobre a comunidade do Porto, a partir da contribuição financeira dos leitores. Quando a verba arrecadada alcança o valor mínimo estipulado (que engloba o pagamento de um jornalista externo ao Porto24 e despesas necessárias), o conteúdo começa a ser produzido. Assim como o Spot.us, caso a reportagem não seja desenvolvida, os financiadores podem pedir o reembolso do dinheiro ou autorizar a utilização do mesmo em outro trabalho.
6. Chi-town Daily News – Na mesma linha do Porto24, o site de notícias hiperlocal de Chicago passou a publicar um box no final de cada matéria, divulgando quanto custou a pesquisa, a redação e a edição daquele conteúdo. Assim, os leitores podem deixar suas contribuições e incentivar a produção jornalística de qualidade. O editor, Geoff Dougherty, acredita que essa é uma forma de deixar claro aos leitores o quanto custa fazer bom Jornalismo.
7. Payyattention – Para deixar o financiamento de conteúdo mais divertido, Stephen Farrell resolveu adicionar elementos sociais ao crowdfunding. No final de cada conteúdo publicado no payyattention é exibido um ícone para que o leitor faça doações, caso tenha gostado da matéria, e fique sabendo quem mais financiou o mesmo conteúdo e de quanto foi a contribuição.
Ou seja, para aqueles que querem tirar um projeto do papel e não têm dinheiro (jornalistas sabem muito bem do que se trata), o crowdfunding se tornou uma interessante alternativa. Mas, alguns “coleguinhas” ainda acham que a produção de conteúdo colaborativo é uma ameaça à profissão… E você, acha que a função do jornalista está se tornando irrelevante com a produção de conteúdo digital?
Para continuar lendo:
The impact of crowdfunding in journalism – Case study of Spot.Us